Passei as duas últimas semanas a ouvir falar de Angola. Foi tanta Angola, que ainda ando a trautear a Mariquinha do Bonga e a suspirar por um Muzongué. Vai daí, lembrei-me que o Campo Alegre era conhecido por servir especialidades alentejanas mas também angolanas. E 14 pratos de bacalhau. E por reservar todo o primeiro piso para os fumadores. Era hora.
O Campo Alegre é um daqueles restaurantes com um ar tradicional mas intimista. Isto no rés-do-chão porque o primeiro andar caracteriza-se por uma decoração, como dizer sem ser demasiado bruto… apalermada? Misturam-se reproduções de quadros mais ou menos famosos (senti a falta do menino a chorar) com pipas de vinho, anúncios de bebidas e mapas antigos. Com toda a ternura, sugiro desde já uma visita do “querido, mudei o restaurante”. E do “querido, desliga a música” porque não há paciência para o lounge music, essa autêntica praga sonora.
A recepção não é calorosa mas é competente. Sem pedir trazem-me uns aperitivos (polvo em molho verde, bacalhau desfiado e azeitonas) que prometiam festa. Mas só se fosse no Pólo Norte já que pela temperatura a que chegam arriscamo-nos a ter uma congestão antes mesmo de jantar. Começava a ficar inquieto.
Vinicolamente falando, a garrafeira é óptima. O menu é muito (quase demasiado) variado. Começo por uma sopa de tomate à alentejana que veio aquecer o estômago e fazer esquecer as horripilantes entradas. Depois fico dividido: Cação ou chocos de coentrada? Arroz de pescada com camarão ou arroz de caril e camarão à angolana? Ensopadinho de borrego à alentejana ou favas estufadas com entrecosto à alentejana? Caldeirada de cabrito com quiabos e azeite dem dem ou um bocadinho disto tudo? Na impossibilidade de um menu de degustação, opto pelo prato que à porta do restaurante me fez recordar certas e determinadas noites loucas da juventude: Muamba de galinha. E que tal? Bom, não é que os termos de comparação sejam muitos mas não me senti propriamente no Lobito. Julgo que a fraqueza da coisa se fica a dever mais à falta de qualidade dos ingredientes (o gindungo, ou o óleo de palma, por exemplo) do que à da sua confecção.
Valeu-me o Alentejo e uma Sericaia que me adoçou a boca e compensou um bocadinho a decepção.
Saio com uma sensação agridoce: não comi mal, mas também não comi exactamente bem. Digamos que saio com uma lágrima no canto do olho… E decidido a regressar para um tira-teimas.
Campo Alegre * Rua do Campo Alegre, 416 – Porto * Contacto: 22.6097328 * 12h30-15h00 / 20h00-24h00 (encerra aos Domingos) * Preço médio: 20 € * Nota: 60%
"Context and memory play powerful roles in all the truly great meals in one's life." Anthony Bourdain
28 julho 2011
Costa, amigo do peito
Desde que escrevo estes singelos textos, invariavelmente sou acossado por alguns amigos (e muitos inimigos) com a frase: “oh pá, tu tens que ir jantar ao…”.
Sendo mais ou menos incorruptível (ver tabela de preços em anexo), evito seguir tais recomendações. No entanto, resolvi abrir uma excepção já que o conselheiro em causa, para além de ser amigo mesmo, apresenta sinais exteriores de riqueza gastronómica nada desprezíveis (vulgo, uma pança descomunal).
Mal nos sentamos na acolhedora e arrumadinha sala do Costa somos presenteados com uma excelente broa e azeitonas, pataniscas de bacalhau e umas soberbas e crocantes petingas. A carta de vinhos, não sendo vasta, tem as trivialidades necessárias à rega daquilo que verdadeiramente me trouxe até aqui: as lulas recheadas. O menu contém artilharia pesada e que um dia farei questão de provar (como a cabeça de pescada ou o peixe-galo com açorda de ovas), mas eu sabia ao que vinha. As lulas são confeccionadas de acordo com todas as regras. Para além de tenríssimas, o recheio constituído maioritariamente por tomate, presunto e os tentáculos das mesmas estava no ponto (o que é difícil porque quase sempre acaba por ficar ou insosso ou salgado). Para sobremesa nada melhor do que uma rabanada (foram três) e uma aguardente das proibidas.
E saio a cantarolar aquela do Milton Nascimento: “amigo é coisa para se guardar no lado esquerdo do peito…”.
Restaurante Costa * Rua Roberto Ivens, 205 – Matosinhos * Contacto: 22.9380154 * 12h30-15h00 / 20h00-24h00 (encerra ao jantar de Domingo) * Preço médio: 18 € * Nota: 70%
Sendo mais ou menos incorruptível (ver tabela de preços em anexo), evito seguir tais recomendações. No entanto, resolvi abrir uma excepção já que o conselheiro em causa, para além de ser amigo mesmo, apresenta sinais exteriores de riqueza gastronómica nada desprezíveis (vulgo, uma pança descomunal).
Mal nos sentamos na acolhedora e arrumadinha sala do Costa somos presenteados com uma excelente broa e azeitonas, pataniscas de bacalhau e umas soberbas e crocantes petingas. A carta de vinhos, não sendo vasta, tem as trivialidades necessárias à rega daquilo que verdadeiramente me trouxe até aqui: as lulas recheadas. O menu contém artilharia pesada e que um dia farei questão de provar (como a cabeça de pescada ou o peixe-galo com açorda de ovas), mas eu sabia ao que vinha. As lulas são confeccionadas de acordo com todas as regras. Para além de tenríssimas, o recheio constituído maioritariamente por tomate, presunto e os tentáculos das mesmas estava no ponto (o que é difícil porque quase sempre acaba por ficar ou insosso ou salgado). Para sobremesa nada melhor do que uma rabanada (foram três) e uma aguardente das proibidas.
E saio a cantarolar aquela do Milton Nascimento: “amigo é coisa para se guardar no lado esquerdo do peito…”.
Restaurante Costa * Rua Roberto Ivens, 205 – Matosinhos * Contacto: 22.9380154 * 12h30-15h00 / 20h00-24h00 (encerra ao jantar de Domingo) * Preço médio: 18 € * Nota: 70%
21 julho 2011
Empedernido
Dirigi-me a Vila do Conde para um repasto que prometia ser memorável. À chegada, sou traído pelo GPS. Perco-me olimpicamente, as horas vão passando, resolvo ceder às pressões do meu abrutalhado estômago e solicito subjectivíssimas opiniões a autóctones sobre onde é que se come bem. Estavam reunidos os ingredientes para a desgraça.
A sala do Pedra Alta é ampla e, apesar de um bocadinho kitsch, até prometia um serão agradável. Mas uma recepção e atendimento género estabelecimento prisional foram apenas o início das hostilidades e de uma profunda infelicidade.
Enquanto leio o menu, daqueles com fotografias para, justamente, evitar perguntas e facilitar a vidinha aos empregados, atiram-me com torradas de pão de forma industrial encharcadas em manteiga (?) de alho. Tentando animar-me, peço um creme de marisco (que serviu para desenjoar das torradas) e uma caipirinha. Assustado com as imagens chocantes dos pratos, decido-me por uma espetada mista (camarões e lombo de boi) que chega antes da caipirinha! A carne é tenra mas prima pela ausência de tempero e os camarões são tão secos (ou tímidos) que só dificilmente se deixam despir. Para cúmulo, quando procuro compensação emocional nas sobremesas só encontro doces industriais numa cedência à preguiça que merecia, no mínimo, uns açoites.
Saio sem fome mas empedernido. E vingo-me no GPS que abandono algures na A28.
Pedra Alta * Rua Almeida Garrett, 323 – 1.º – Vila do Conde * Contacto: 252.638305 * 12h00 às 14h30 e das 19h30 à 02h00 (encerra Domingos e feriados) * Preço médio: 20 € * Nota: 40%
A sala do Pedra Alta é ampla e, apesar de um bocadinho kitsch, até prometia um serão agradável. Mas uma recepção e atendimento género estabelecimento prisional foram apenas o início das hostilidades e de uma profunda infelicidade.
Enquanto leio o menu, daqueles com fotografias para, justamente, evitar perguntas e facilitar a vidinha aos empregados, atiram-me com torradas de pão de forma industrial encharcadas em manteiga (?) de alho. Tentando animar-me, peço um creme de marisco (que serviu para desenjoar das torradas) e uma caipirinha. Assustado com as imagens chocantes dos pratos, decido-me por uma espetada mista (camarões e lombo de boi) que chega antes da caipirinha! A carne é tenra mas prima pela ausência de tempero e os camarões são tão secos (ou tímidos) que só dificilmente se deixam despir. Para cúmulo, quando procuro compensação emocional nas sobremesas só encontro doces industriais numa cedência à preguiça que merecia, no mínimo, uns açoites.
Saio sem fome mas empedernido. E vingo-me no GPS que abandono algures na A28.
Pedra Alta * Rua Almeida Garrett, 323 – 1.º – Vila do Conde * Contacto: 252.638305 * 12h00 às 14h30 e das 19h30 à 02h00 (encerra Domingos e feriados) * Preço médio: 20 € * Nota: 40%
14 julho 2011
Ingratidão
Entro com devoção num dos restaurantes mais antigos da Cidade do Porto. E a sensação é exactamente a esperada. O octogenário Escondidinho está como sempre foi. A modernidade e o requinte de 1931 encontram-se inalterados e permitem-nos uma viagem no tempo aconchegante e retemperadora. Sente-se quase uma espécie de protecção. Parece estarmos a salvo de um inquietante presente e dá-nos esperança de que o futuro não venha a ser o que nos prometem.
Sou recebido pelo seu responsável máximo, Amarílio Barbosa, que, embora estranhando o meu excelente português, com uma gentileza e profissionalismo impares me faz sentir em casa. Lentamente começo a verificar que as sábias palavras de Francisco Quevedo se confirmam: “quem recebe o que não merece, poucas vezes o agradece”. O cosmopolitismo (leia-se o novo-riquismo bacoco) dos portuenses levou-os a trocarem uma casa que tudo lhes deu por paraísos artificiais japoneses, mexicanos ou indianos condenando-o a viver quase exclusivamente da visita de turistas em busca do que os autóctones desprezam: alguns dos melhores pratos da gastronomia portuguesa.
A maior parte dos convivas são espanhóis, o que produz um ruído de fundo quase insuportável. Ainda soltei entre dentes um “por que no te callas”, mas desisti, até porque o estrangeiro era eu.
Na garrafeira há quase de tudo e para todos os gostos e preços. Quanto aos pratos, a oferta é igualmente generosa e quase apetece pedir um menu de degustação (que não existe). Inicio perfeito com umas amêijoas à Bulhão Pato, sinceramente das melhores que já comi (excepção feita para as de uma certa marisqueira de Matosinhos sobre a qual um dia destes vos falarei). Para prato principal fico muito dividido entre as diversas cataplanas possíveis, um robalo ao sal, ou o bacalhau à escondidinho. Mas a tentação da carne é mais forte e opto por um tornedó Rossini. E não me arrependo nadinha. A carne desfaz-se na boca e o molho e paté que a acompanham fazem o resto. Inesquecível.
Já na sobremesa, fui atraiçoado pela nostalgia. A tarte de maçã folhada, que já foi uma referência do Guia Michelin, era pura palha. Mas a um octogenário podemos perdoar certos deslizes.
Confirmei com uma esperança renovada no futuro que o Escondidinho, como a Cidade, continua mui nobre, sempre leal e invicto. E os portuenses? Devem estar escondidos ou com a boca num qualquer Sushi. Ingratos!
O Escondidinho * Rua Passos Manuel, 142 – Porto * Contacto: 22.2001079 * Das 12h às 15h e das 19h às 23h (não encerra) * Preço médio: 35 € * Nota: 80%
Sou recebido pelo seu responsável máximo, Amarílio Barbosa, que, embora estranhando o meu excelente português, com uma gentileza e profissionalismo impares me faz sentir em casa. Lentamente começo a verificar que as sábias palavras de Francisco Quevedo se confirmam: “quem recebe o que não merece, poucas vezes o agradece”. O cosmopolitismo (leia-se o novo-riquismo bacoco) dos portuenses levou-os a trocarem uma casa que tudo lhes deu por paraísos artificiais japoneses, mexicanos ou indianos condenando-o a viver quase exclusivamente da visita de turistas em busca do que os autóctones desprezam: alguns dos melhores pratos da gastronomia portuguesa.
A maior parte dos convivas são espanhóis, o que produz um ruído de fundo quase insuportável. Ainda soltei entre dentes um “por que no te callas”, mas desisti, até porque o estrangeiro era eu.
Na garrafeira há quase de tudo e para todos os gostos e preços. Quanto aos pratos, a oferta é igualmente generosa e quase apetece pedir um menu de degustação (que não existe). Inicio perfeito com umas amêijoas à Bulhão Pato, sinceramente das melhores que já comi (excepção feita para as de uma certa marisqueira de Matosinhos sobre a qual um dia destes vos falarei). Para prato principal fico muito dividido entre as diversas cataplanas possíveis, um robalo ao sal, ou o bacalhau à escondidinho. Mas a tentação da carne é mais forte e opto por um tornedó Rossini. E não me arrependo nadinha. A carne desfaz-se na boca e o molho e paté que a acompanham fazem o resto. Inesquecível.
Já na sobremesa, fui atraiçoado pela nostalgia. A tarte de maçã folhada, que já foi uma referência do Guia Michelin, era pura palha. Mas a um octogenário podemos perdoar certos deslizes.
Confirmei com uma esperança renovada no futuro que o Escondidinho, como a Cidade, continua mui nobre, sempre leal e invicto. E os portuenses? Devem estar escondidos ou com a boca num qualquer Sushi. Ingratos!
O Escondidinho * Rua Passos Manuel, 142 – Porto * Contacto: 22.2001079 * Das 12h às 15h e das 19h às 23h (não encerra) * Preço médio: 35 € * Nota: 80%
Às armas!
Ainda que o sangue me engane tinha de ir a Viana para saborear o anunciado melhor bife do mundo. O Kobe Beef é assim designado por ser originário da homónima região japonesa onde as vacas Wagyu são tratadas como galdérias, perdão, princesas: recebem diariamente sessões de massagem, ouvem música clássica e “bebem” doses generosas de cerveja japonesa. Resultado: a melhor carne do planeta. Infelizmente ainda estou a ouvir música clássica para me acalmar do sobre(a)ssalto: 80 Euros por um bife (300 gr.) fez-me recear que me roubassem o estômago à saída. Desisti.
O Casa d’armas surpreende pela sua dimensão (acolhedor mas acanhado) e, sobretudo, pela ausência de armas. Esquecido o Kobe beef, recebo com apreensão as sugestões do sisudo chefe Julião. Boa garrafeira e um profissionalíssimo aconselhamento e serviço. Para entrada sardinhas em escabeche que comi e repeti. A refeição principal foi uma espécie de compensação emocional: Terra e Mar composto por um tenríssimo e saboroso bife repousando numa fatia de pão afundados num molho com forte teor alcoólico, acompanhado por impressionantes camarões, tudo flamejado à nossa frente. O sublime de laranja garantiu um final feliz. Ou quase. É que no melhor pano cai a nódoa. Quando peço a conta, percebo que as armas chegam no final: a conta é um roubo (95 € por duas refeições!).
Voltar até volto. Mas desarmado nunca mais.
Casa d’armas * Largo 5 de Outubro, n.º30 – Viana do Castelo * Contacto: 258.824999 * Das 12h30 às 15h e das 19h30 à 22h30 (encerra à 4.ª feira) * Preço médio: 45 € * Nota: 75%
O Casa d’armas surpreende pela sua dimensão (acolhedor mas acanhado) e, sobretudo, pela ausência de armas. Esquecido o Kobe beef, recebo com apreensão as sugestões do sisudo chefe Julião. Boa garrafeira e um profissionalíssimo aconselhamento e serviço. Para entrada sardinhas em escabeche que comi e repeti. A refeição principal foi uma espécie de compensação emocional: Terra e Mar composto por um tenríssimo e saboroso bife repousando numa fatia de pão afundados num molho com forte teor alcoólico, acompanhado por impressionantes camarões, tudo flamejado à nossa frente. O sublime de laranja garantiu um final feliz. Ou quase. É que no melhor pano cai a nódoa. Quando peço a conta, percebo que as armas chegam no final: a conta é um roubo (95 € por duas refeições!).
Voltar até volto. Mas desarmado nunca mais.
Casa d’armas * Largo 5 de Outubro, n.º30 – Viana do Castelo * Contacto: 258.824999 * Das 12h30 às 15h e das 19h30 à 22h30 (encerra à 4.ª feira) * Preço médio: 45 € * Nota: 75%
07 julho 2011
Dependências
É cada vez mais comum confessar publicamente fraquezas, gostos e, pasme-se, dependências. Fazer da nossa vida um livro aberto (ainda que electrónico) parece uma obrigação. Há inclusivamente uma indústria que se alimenta disso mesmo e a que solenemente nos habituamos a chamar “redes sociais”. Fraco adepto de tais redes (ainda prefiro as que me trazem o peixe ao prato) utilizo este humilde meio para anunciar a minha vulnerabilidade: sou totalmente dependente de coisas acabadas em “ina”. Sosseguem. Estou a falar, essencialmente, de cafeína. Mas, acima de tudo, do Cafeína.
As opiniões sobre o mundo da restauração dividem-se frequentemente entre os que acham que a decoração de um restaurante é fundamental e os que defendem que o que verdadeiramente importa é a comida. E quando se conciliam os dois mundos? Paraíso na terra. Ora esse é precisamente o caso do Cafeína.
Nascido para responder a um determinado conceito estético (em que, digamos, se comia com os olhinhos), conseguiu impor-se por ter aliado a essa “estética” a ética de servir dos melhores repastos que é possível degustar em Portugal, fazendo desta casa um clássico sempre na moda. Ainda por cima, coisa rara e nunca vista, reservaram o seu espaço mais nobre para os fumadores. Único senão é a música “ambiente” e o seu excessivo volume que convida à mímica e impede qualquer diálogo (que não seja de surdos).
A carta de vinhos, disponibilizada em Ipad fresquinho, não é para info-excluídos. Mas as inúmeras opções disponíveis produzem mais coesão do que 500 reuniões de concertação social.
Quanto à comida, confesso que, enquanto escrevo, o síndrome de abstinência ataca-me, as glândulas salivares parecem amêijoas e só penso quando é que poderei regressar ao vício.
Início com a irresistível terrina de foie gras com pão fumado e maçã caramelizada que não repito por pura vergonha. Para prato principal, um vício de longa data: o bife tártaro, uma raridade só aparentemente simples (e muito out of fashion) que o Cafeína confecciona na perfeição sem esquecer nenhum dos preciosos ingredientes (destaque para as excelentes alcaparras). Terminar em beleza é saborear o bolo de chocolate amanteigado seguido de um sorvete de limão.
Se somos o que comemos, quando saio do Cafeína, sou lindo! E se me virem algum dia a arrumar automóveis e a mendigar uma moedinha, não sejam maus: todos temos os nossos vícios…
Cafeína * Rua do Padrão, 100 – Porto * Contacto: 22.6108059 * Das 12h30 às 18h e das 19h30 à 01h30 (não encerra) * Preço médio: 45 € * Nota: 90%
As opiniões sobre o mundo da restauração dividem-se frequentemente entre os que acham que a decoração de um restaurante é fundamental e os que defendem que o que verdadeiramente importa é a comida. E quando se conciliam os dois mundos? Paraíso na terra. Ora esse é precisamente o caso do Cafeína.
Nascido para responder a um determinado conceito estético (em que, digamos, se comia com os olhinhos), conseguiu impor-se por ter aliado a essa “estética” a ética de servir dos melhores repastos que é possível degustar em Portugal, fazendo desta casa um clássico sempre na moda. Ainda por cima, coisa rara e nunca vista, reservaram o seu espaço mais nobre para os fumadores. Único senão é a música “ambiente” e o seu excessivo volume que convida à mímica e impede qualquer diálogo (que não seja de surdos).
A carta de vinhos, disponibilizada em Ipad fresquinho, não é para info-excluídos. Mas as inúmeras opções disponíveis produzem mais coesão do que 500 reuniões de concertação social.
Quanto à comida, confesso que, enquanto escrevo, o síndrome de abstinência ataca-me, as glândulas salivares parecem amêijoas e só penso quando é que poderei regressar ao vício.
Início com a irresistível terrina de foie gras com pão fumado e maçã caramelizada que não repito por pura vergonha. Para prato principal, um vício de longa data: o bife tártaro, uma raridade só aparentemente simples (e muito out of fashion) que o Cafeína confecciona na perfeição sem esquecer nenhum dos preciosos ingredientes (destaque para as excelentes alcaparras). Terminar em beleza é saborear o bolo de chocolate amanteigado seguido de um sorvete de limão.
Se somos o que comemos, quando saio do Cafeína, sou lindo! E se me virem algum dia a arrumar automóveis e a mendigar uma moedinha, não sejam maus: todos temos os nossos vícios…
Cafeína * Rua do Padrão, 100 – Porto * Contacto: 22.6108059 * Das 12h30 às 18h e das 19h30 à 01h30 (não encerra) * Preço médio: 45 € * Nota: 90%
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