13 outubro 2011

Era uma vez lá em casa

Depois de conduzir umas centenas de quilómetros pelo nordeste transmontano o que é que eu mais desejava? Parar num local tranquilo, comer uma refeição sem grandes elaborações, enfim, uma área de repouso e algum prazer. Eis que me lembro de ter comido duas ou três vezes no Lá em Casa e de guardar óptimas recordações de vários pratos, particularmente de uns filetes de polvo. Cedendo à nostalgia, erro clamoroso que teimosamente continuo a cometer, decido revisitar o dito cujo.

Logo à entrada, alarme: um odor a produtos de limpeza de casa de banho, que me faz pensar se não me enganei na porta, e duas estridentes televisões sintonizadas em canais diferentes (futebol e telenovela). Ligo o botão da tolerância máxima, sento-me e peço uma dose dos tais filetes (€ 10). Quanto a sugestões de vinhos, a resposta do proprietário amarfanha-me: “beba o da casa que é mais do que bom”. O polvo, além de duro e gorduroso, sabia a nada. O acompanhamento (salada e arroz branco) era pobre de pedir. Enquanto engolia com dificuldade e tristeza aquela miséria pensava: que empresário da restauração pode demonstrar tanta falta de amor à arte? O que pode justificar semelhante abandono?

Diz o Miguel Esteves Cardoso que os restaurantes são como os amigos: devemos estar com eles nos bons e nos maus momentos. Percebo. Mas, infelizmente, não creio tratar-se de um mau momento. No caso, é apenas o fim.

Lá em casa * Rua Marquês de Pombal, 7 – Bragança * Contacto: 273.322111 * 09h00-01h00 (não encerra) * Preço médio: 18 € * Nota: 30%