A necessidade de “descanso do pessoal” é algo que eu
respeito imenso. Pessoal que não descansa é uma potencial ameaça para o meu
estômago. Mas será que não daria para se organizarem de maneira a poderem
atender à demanda de turistas esfomeados e que não entendem como é que, em
plena crise económica, o descanso está primeiro?
Passeando por Braga para tentar perceber o que é uma Capital
Europeia da Juventude (essa região demarcada das nossas vidas que não se sabe
quando começa e muito menos quando acaba) deparo-me, em pleno centro histórico,
com um bando de turistas famintos. Ao pedido de socorro (já haviam calcorreado
várias ruas, de guia na mão, batendo com o nariz em todas as portas) respondo
com a postura fleumática que se impõe, encaminhando-os com ar de perito para a
única casa que havia reparado estar aberta, afirmando: “Comer bem? Em Braga? É
aqui. Sigam-me”. Sem ter a mais pequena ideia de onde me estava a meter, o tão
desvalorizado factor sorte conduzia-me para uma casa de grandes virtudes.
A decoração é uma mistura de elementos contemporâneos e vestígios
de que, apesar de tudo, estamos no centro histórico de uma antiquíssima cidade.
Destaque para as imensas moedas espalhadas pelas paredes de granito - oferenda
de clientes satisfeitos? A recepção e atendimento, muito jovem, é imensamente
acolhedor. Na mesa, disponibilizam de imediato pão, tostas e um patê de
maionese e verduras. A carta de vinhos é vasta e com preços atraentes. Para
entrada aceito a estranha sugestão da gentil funcionária e provo um queijo de
cabra com doce de abóbora caseiro (€ 2,20). Fico com a sensação de ter começado
pela sobremesa, mas, admito, o resultado não é desagradável. Para prato
principal, volto a confiar na beleza, perdão, simpatia da funcionária e
deixo-me totalmente conduzir para duas provas: panadinhos de polvo com puré de
maçã e castanhas (€ 13,50) e bacalhau à Cozinha da Sé (€ 12,50). A aliança do
polvo com a maça resulta na perfeição e o bacalhau, frito de cebolada,
acompanhado com couve branca e batata frita, é uma irrepreensível reprodução do
bacalhau à moda de Braga.
Sobremesa? Uma vez mais os encantos da funcionária
provocaram estragos e experimento uma autêntica bomba: nozes com mel regadas
com uísque (€ 4,50). Aguenta coração!
Saio recebendo louvores de todos os convivas a quem havia
aconselhado esta pérola convencendo-os a gritar comigo em uníssono: a Sé a quem
a trabalha!
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Cozinha da Sé ä
Rua D. Frei Caetano Brandão, 95 – Braga ä
Contacto: 253 277 343 ä 12h - 15h00 | 19h – 23h (encerra 2.ª feira) ä
Preço médio: € 25 ä Nota:
78%