16 fevereiro 2012

A máquina do tempo

Sou um piegas assumido e nem preciso que mo lembrem. Faço parte dos que sentem que nasceram no tempo e espaço errados. Por isso, fujo com frequência para locais que me transportam para onde deveria estar mas, por infortúnio do destino, não estou. Nem que seja apenas para jantar.

O Palmeira é um desses refúgios. A amabilidade com que sou recebido, a disposição das mesas, o fardamento dos empregados (que parecem saídos de um filme mudo) e a silenciosa presença de clientes que, pela idade, aparentam ter convivido com o Repórter X, oferecem todo um ambiente propício à satisfação de nostalgias. Não fossem as duas Tv’s, que nos fazem regressar a um presente assaz deprimente, e julgaríamos estar a viver em plena década de 20 do século passado.

O menu contém óptimas propostas da cozinha tradicional portuguesa. O couvert inclui uns apetitosos croquetes e rissóis acabados de fritar. A oferta de vinhos é boa mas opto por um jarrinho do da casa. De entrada não resisto a umas papas de sarrabulho (€ 2,30), muito próximas da perfeição (que até agora só havia encontrado em Ponte de Lima). Para prato principal duas provas: marmotas fritas com um arroz de tomate acabado de fazer (€ 8,50) e uns tenros e apetitosos filetes de polvo com esparregado (€ 11,50). De sobremesa a bomba calórica que se impõe para enfrentar a vaga de frio: omeleta ao rum flamejada (€ 7,50).

Um dos últimos grandes clássicos do Porto. A preservar.

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Palmeira * Rua do Ateneu Comercial do Porto, 36 – Porto * Contacto: 222 055 601 * 08h – 22h (encerra ao Domingo) * Preço médio: 25 € * Nota: 77%