30 junho 2011

Do Aleixo nunca me queixo

A primeira vez que entrei nesta casa foi há mais de 30 anos. Vim pela mão do meu saudoso avô que nesse dia me disse: “hoje vamos almoçar fora”. Desconhecia o verdadeiro significado daquelas palavras. Rápida e surpreendentemente descobri que tinha outra casa e outra família mas com a vantagem de que podia escolher o prato.

A Casa Aleixo é um dos poucos restaurantes “históricos” do Porto que nos resta. Numa sala com paredes de pedra, repletas de memórias (as duas páginas de Frank Bruni no The New York Times impressionam), o acolhimento não é exuberante mas é eficiente. No menu (também disponível em japonês) esperam-nos as lendas que continuam a cativar pela manutenção da sua qualidade ao fim de mais de 50 anos de existência. Da “farmácia” (garrafeira) nada de genéricos: qualidade e quantidade. Do “laboratório” (cozinha) podemos esperar as melhores experiências e a plena satisfação da “sala de operações” (sala de jantar). Ex-libris obrigatórios são os filetes de pescada e de polvo. Mas um cozido à portuguesa, uma chispalhada com feijão vermelho e grelos ou o cabrito assado no forno não fazem ninguém perder a viagem. Grand finale, uma preciosidade: as rabanadas encharcadas em mel e vinho do Porto.

Nestes tristes tempos em que a urgência de competitividade, criatividade e inovação nos oprimem conforta regressar a uma casa onde a tradição ainda é o que era.

Casa Aleixo * Rua da Estação, 216 – Porto * Contacto: 22.5370462 * Das 12h00 às 14h30 e das 19h30 à 22h00 (encerra Domingos e feriados) * Preço médio: 20 € * Nota: 70%