10 novembro 2011

Maximizar

Jantar na rua onde mais se regurgita por metro quadrado na cidade do Porto pode não parecer muito boa ideia. Explico-me: o Max fica praticamente ao lado do Tendinha, um dos bares onde uma parte substancial dos portuenses termina as (cada vez mais) longas noites desta cidade e onde, invariavelmente, à saída é possível (sobretudo a partir das 6 da manhã), assistir à devolução massiva de alguns sólidos e imensos líquidos.

Num momento em que tanto se apela à capacidade empreendedora nacional, aqui fica a janela de oportunidades para os putativos empresários portuenses: produzir e distribuir por esta zona da cidade vomitões e mictões. Tendo em consideração o estado de alguns dos corpos que podemos encontrar por aqui, apelo também às agências funerárias para que estejam mais atentas a inúmeras oportunidades de futuro negócio.

No entanto, e para desanuviar um bocadinho, saliento que jantando cedinho e não caindo em (todas as) tentações, é possível usufruir de uma refeição tranquila porque, sublinho desde já, o Max é uma agradabilíssima surpresa.

Como é típico nestes prédios antigos, a sala ocupa o rés-do-chão numa espécie de corredor que termina numa pequena esplanada e jardim. A recepção e atendimento são bastante atenciosos e os conselhos e honestidade dos mesmos muito bem-vindos. Para variar, a música ambiente é boa e amansa a alma. Detalhe sempre importante: pode-se fumar. A disposição das mesas permite privacidade, coisa pouco vulgar em espaços mais modernos e normalmente acanhados.

A carta de vinhos é pequena mas forte, incluindo várias possibilidades estrangeiras (sim, o vinho português é bom mas eu não tenho nada contra o Chile e as suas prodigiosas e baratas produções vinícolas).

Das entradas vale a pena provar: umas opíparas ovas de sardinha (€ 11); uma morcela crocante com maçã confitada (€ 6); e uns imperdíveis bombons de alheira (€ 6), tudo em doses bastante generosas. Nos pratos principais, e sem arrependimentos, optei por degustar o confit de pato muito bem combinado com migas regionais (€ 12,50) e um saborosíssimo tamboril lardeado com toucinho e batata-doce (€ 12,50). Apenas dispensava o excessivo acompanhamento de saladas demasiado vulgares. Para me ir habituando, ocupei a meia-hora de trabalho extra a degustar um requintado requeijão com doce de abóbora e canela (€ 3,50).

Sem pretensões exageradas, o Max maximiza o mais importante: boa comida num espaço bonito e a preços razoáveis.

Max * Rua Conde de Vizela, 68 R/c – Porto * Contacto: 222 080 757 * 12h30 – 15h30 19h30 – 23h30 (encerra Domingo) * Preço médio: 25 € * Nota: 78%