17 novembro 2011

Surrealista é não poder fumar

Um restaurante chamado o Cão que Fuma pode parecer um convite para uma incursão pelo mundo do surrealismo gastronómico. Ou uma música da Tonicha. A origem do nome perdeu-se no tempo. No entanto, sabe-se que esta casa abriu por volta de 1943, pela mão de um casal de judeus franceses que, fugindo do III Reich, vieram dar ao Porto. A energia e coragem de resistência deste casal parece ter sido transmitida ao restaurante que sobrevive com sucesso até hoje.

Na decoração destacam-se as belíssimas fotografias de Manuel Pinheiro da Rocha, um alfaiate e fotógrafo portuense que, incompreensivelmente, continua a ser um ilustre desconhecido. Nas paredes vários “recados” dos visitantes e imensos cães fumadores. O que torna a interdição de fumar, essa sim, surrealista.

A carta de vinhos é curta e generalista. Das entradas selecciono um surpreendente Camarão à Havai (ananás, tomate fresco e molho de marisco - € 10,30). Dos pratos principais aconselho a Carne à Mexicana (cogumelos, pimentos, milho, carne de porco e cominhos - € 6,50) ou, em alternativa, o Entrecôte à Café de Paris (Paris fica longe e o molho não respeita a receita original mas a carne é de excelente qualidade - € 10,50). Para sobremesa, nostalgia da minha infância: queijo com goiabada (€ 2).

Pormenor surrealista adicional: não aceitam pagamento com cartões.

Le chien qui fume * Rua do Almada, 405 – Porto * Contacto: 222 059 340 * 12h00 – 14h00 19h00 – 21h45 (encerra Domingo) * Preço médio: 18 € * Nota: 70%